Lagôa do Abaeté
Wellington Cordeiro
“Abaeté” originou-se do termo tupi abaîté, que significa “terror, horror”. É uma referência ao fato da lagoa ser considerada um lugar mal assombrado. Isso vem de suas águas escuras e do lôdo na parte mais funda, que engana aos que não sabem nadar, dando a impressão de ser firme quando na realidade não é, ocasionando acidentes de afogamento.
O lugar é lindo e a temperatura da água é maravilhosa, mas há que se ter cuidado e respeitar os limites das bóias salva-vidas que alerta os visitantes das áreas mais perigosas.
Dorival Caymmi já disse em uma de suas canções: “No Abaeté tem uma lagoa escura| arrodeada de areia de branca | de areia branca… | de manhã cedo, se uma lavadeira | Vai lavar roupa no Abaeté| Vai-se benzendo porque diz que ouve | ouve a zoada do batucajé”. (“Batucajé” é uma dança ancestral, ao som de tambores).
A Lagoa continua a ser um local sagrado e de culto a Oxum, até hoje. Muitas lendas surgiram em torno das águas escuras e cercada pelas alvíssimas areias das imensas dunas. O fato é que sua água doce tem origem nas inúmeras nascentes que surgem no meio das dunas.
Antigamente, antes das máquinas de lavar, as águas da lagoa era o ganha pão de inúmeras lavadeiras que se chamavam “Ganhadeiras” porque lavavam “roupas de ganho”. Mais tarde essa tradição se estendeu a todas as mulheres que sustentavam suas famílias fritando e vendendo peixe ou vendendo cocadas, mingau, pamonhas e outros quitutes. Em suas margens as Ganhadeiras trabalhavam, colocavam a roupa para coarar formando um imenso tapete colorido na sua margem e contavam histórias que ajudaram a manter vivas as lendas e tradições que enriquecem a cultura de Salvador.
Área Urbana do Parque Metropolitano Lagoas e Dunas do Abaeté – Imagem de Ernani Gomes Neves Filho.
A instalação de vários condomínios e a ocupação irregular, provocou uma verdadeira devastação em suas dunas.
Para evitar a degradação, foi criado o Parque Metropolitano Lagoas e Dunas do Abaeté e dispõe de área com bares, restaurantes, banheiros e lojas de artesanato. A noite tem som ao vivo e muitas das estrelas da música baiana passaram por alí, mostrando seu trabalho.
O Parque abriga também a Casa da Música. Um espaço voltado para atividades, bate papos musicados e eventos relacionados a Música. Dispõe de vasto acervo relacionado a história da música baiana, incluindo instrumentos musicais, livros e objetos.
Foi erguido também um busto em homenagem a Gildásia dos Santos, Mãe de Santo Gilda, que faleceu de infarte após vivenciar dois episódios de intolerância religiosa. O dia de sua morte foi decretado como o Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa no Brasil.
A Lagoa é palco para o Grupo “As Ganhadeiras” que mantém vivas as tradições do local com música de primeira qualidade.
O local é muito bonito e vale a pena dar uma passadinha para conhecer durante o dia!
Ainda é comum ver os pescadores em suas margens. Suas águas ainda tem pitus e peixes. Foto de Português do Brasil
Ainda O Parque Metropolitano Lagoas e Dunas do Abaeté preserva 12.000 m de Área de Restinga Foto de Portal da Copa
O limite das boias deve ser respeitado. Foto de Português do Brasil
Seu passeio no seu tempo, ficando um pouco mais nos pontos onde você preferir!